Majestoso Romance
Diga uma palavra mágica;faça com que a poesia se cumpra;a profecia se cumpra
Tire de mim esse peso;essa líquida pedra;esse húmus;meus olhos de desterro
Habito um país errante;tantos antepassados me atravessam;num trânsito tão intenso
Que em horas oblíquas;nem mais sei quem sou;diga uma doce palavra
Feito fruta embrulhada em vento
Nem tudo nessa vida é amor;muita coisa é dor...muita coisa
Amor à primeira vista
Alguns dizem que não existe amor à primeira vista. Com certeza nenhum destes conhecem um cachorro. Meu coração foi preenchido com um amor ilimitado e recíproco hoje mesmo.
Por volta de umas 17 horas, saí do meu trabalho, a chuva caía raivosa. Logo no primeiro portão, ouço batidas de pés e gritos de ‘sai”. Vejo um grupo de homens todos uniformizados, uma roupa cinza com detalhes em amarelo, rindo e falando alto. Olhando melhor, vejo um cachorro, vira-lata, bege, parecendo confuso, não conseguia encontrar passagem no meio daquelas pessoas.
Ali, vendo o coitado tão perdido, senti o amor me invadir. Vi-me parada no meio do corredor esperando o Dylan – sim, dei um nome a ele – quando ele enfim, conseguiu sair, embarcamos juntos na chuva, eu com um guarda-chuva pequeno, tentava cobri-lo. Mas Dylan não aceitou e saiu em disparada na minha frente. Senti que ali era o fim.
Até que ele passou a olhar para trás enquanto corria, certificando-se que eu continuava ali, aquilo me fez sentir protegida, e nos meus lábios, apareceu um sorriso, um sorriso inocente que me fez retornar à infância, quando o mais simples dos gestos pode nos fazer rir por horas.
Chegamos ao estacionamento, eu segui pelo corredor e ele, em meio aos carros. Porém, ele se escondia, e um pouco depois, voltava correndo em minha direção, a vontade de me abaixar e abraçá-lo se tornava cada vez maior, mas ele corria tanto...
Assim, com este jeito brincalhão, seguimos por todo o estacionamento, Dylan e eu, e nos vimos em frente a uma avenida, como carros passando com velocidade mínima de 80km/h, em uma rápida trégua de carros, Dylan se arriscou e partiu na frente, mas outro carro se aproximava.
Em situações normais, eu esperaria outra trégua mais segura, porém, aquela não era uma situação normal. Corri para me colocar entre o cão e o carro preto que se aproximava, Dylan parou por um breve momento, o mais breve dos segundos, como se me avaliasse. Mas aquela era a minha hora de protegê-lo.
Gritei: “Vêm rápido, vem, vem”, e ele atravessou a avenida bem mais rápido do que eu. Andando, sabia que a hora de nos despedir se aproximava. Enfim, sentei no banco e esperei o ônibus chegar.
Ele continuou o seu caminho, depois, passou por mim correndo, voltando para ver onde eu estava. Voltou até a avenida, farejando tudo, e continuo a sua busca, de um lado para o outro em uma corrida frenética.
Eu olhava esperançosa, esperando ele me notar. Mas não me levantei, sabia que seria doloroso para nós dois quando o ônibus chegasse, ele tentando entrar e sendo empurrado. Seria uma cena angustiante.
Fiquei sentada ali, vendo como pude fazer falta a alguém, a sutileza e pureza do momento. Guardo no peito a vontade de vê-lo de novo e abraçá-lo. Mas, por enquanto, só sorrio. Um sorriso inocente, que me faz retornar à infância.
Autora: Iara Santos
No ritmo da emoção....
A musica popular de hoje em dia está cada vez melhor, exceto aqueles "grandes sucessos" que não passam mais de um mês em algumas rádios. Isso porque a maioria dos “grandes sucessos" lançados são de má qualidade, sem conteúdo e péssima harmonia. Música deve ter harmonia, melodia e ritmo. Mas para uma música ser boa ela deve ter a melhor harmonia, melodia e ritmo sendo fácil de execução ou mão.
Toda música popular vai virar da elite. Isso pode demorar 10 ou 1000, porque as músicas ficam a cada dia mais diferentes umas das outras. O que eu quero dizer que se "ontem" o Rock in Roll foi considerado ''praga da juventude'' e hoje é considerado um estilo simples e gostoso de ouvir. Mas não devemos pensar que o popular quer o mais simples, pelo contrário nós queremos o que tem de melhor no mundo musical.
O propósito aqui não é científico nem racional, mas sim emotivo. Quantas vezes já nos pegamos cantando ou ouvindo uma melodia, lembrando de situações passadas, de pessoas, lugares? É só fechar os olhos neste instante, pensar em sua canção favorita e deixar a mente vagar. Verá que não tem erro.
O que fascina é a incrível capacidade que ela tem de instigar nossos mais puros sentimentos, fazendo aflorar várias sensações diferentes no ser humano sem que, muitas vezes, nós nem tenhamos a percepção disso. A música tem um poder incrível, consegue nos fazer sentirmos racionais e irracionais ao mesmo tempo, é paradoxal, perturbadora, irritantemente doce e suavemente pesada. Harmonia, melodia e ritmo. Combinação tão matemática, tão perfeita. Já imaginou um filme sem trilha sonora? E o mundo sem som? Penso que cada vez mais, nos tempos modernos e corridos que vivemos, precisamos nos dar um tempinho de vez em quando, para fugir da rotina e do estresse que nos assola. A música pode ser uma verdadeira aliada nesse processo, pois nos renova nos faz pensar, nos deixa leve, purifica a alma...
Autora: Viviane Alves